quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

De quem é a culpa da sua educação?



O que uma nação pensa da educação, reflete diretamente sobre a estrutura e o desempenho da mesma? As ações e esforços direcionados ao processo educativo derivam propriamente dos anseios da sociedade? É o Estado, o único responsável pelas diretrizes que regem e embasam o sistema educacional? É a escola a única instância onde se promove a prática educativa?
Muitas são as indagações que permeiam as vielas e encruzilhadas daqueles que se ocupam com a educação e suas vicissitudes. Considerando algumas, principalmente as que acima foram citadas, o que realmente torna-se determinante observar, é o teor de compromisso que essa nação tem com o seu sistema educacional.
Sugere-se que a exageração do direito e a terceirização da responsabilidade são dois dos maiores inimigos da educação, estes se constituem em grandes percalços que atravancam o desenvolvimento de ações concretas e efetivas que fomentem uma nova realidade educacional em nossa sociedade. É aquela velha e conveniente máxima “a culpa é do governo”; Os pais culpam a escola; os alunos culpam os professores; a sociedade culpa o sistema educacional; os professores culpam a falta de políticas educacionais, alunos, pais, escolas, sociedade; parcos salários e etc. Esses grandes inimigos se apresentam como gigantes eficientes, pensa-se que temos muitos direitos, o que é uma verdade incontestável, contudo faz-se necessário lembrarmos e tomarmos posse também dos nossos deveres frente a todo o processo educativo, nós enquanto comunidade, família, escola, aluno, professor e Estado, precisamos com urgência parar de procurar culpados, ações baseadas em experimentos exteriores, bem como remédios paliativos. É imperativo concentrarmos toda a força em encontrarmos soluções regionais contextualizadas, ações que envolvam todos os setores da sociedade, empreendimentos continuados que se desenvolvam a curto, médio e longo prazo, e que independam de ideologias político-partidárias, é necessário um pacto social, onde a nação se envolva em todo o procedimento (identificação de deficiências, planejamento, ação e supervisão).
Visto que não podemos simplificar os nossos problemas educacionais, tanto pelo seu volume, quanto pela sua complexidade, é recomendável pelo menos reconhecer a nossa co-responsabilidade. Notadamente é muito cômodo despejar todas as cargas sobre os ombros de outrem. É preciso assumir de uma vez por todas o nosso posto nessa batalha. Cada um de nós munidos de boa vontade e compromisso podemos, fazer a diferença na construção do futuro das gerações vindouras.
O que se propõe aqui não é tão somente chamar a atenção da sociedade, para vislumbrarmos a dimensão do caos educacional, instalado nesta tão sofrida nação desde seus primórdios. Mas, sobretudo refletirmos e atentarmos para quem está construindo o nosso futuro. Em que mãos estão os nossos destinos? Se jazem nas mãos do Estado e autoridades? Então cruzemos os nossos braços e continuemos a buscar culpados para o nosso inglório viver. Mas, se permanecem sob nosso diligente cuidado? Então precisamos agir, por mãos à obra e só assim veremos e teremos uma educação de qualidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

O brilhante texto do professor Adolfo traz uma discussão tão complexa que seu título merecia um complemento, entre parênteses: Parte 1 de 100. A nossa fuga constante dessa discussão, deixando a cargo do Estado (e muito mais do Mercado) a escolha da educação que a sociedade precisa, tem nos deixado no nível educacional que verificamos hoje: milhões de analfabetos, milhares de jovens com uma formação irrelevante, pouquíssimos com oportunidade de escolha. E todos achando isso normal.
Que o grande mestre Paulo Freire nos inspire na busca de soluções concretas para esse problema!